Olinda, cidade histórica e culturalmente vibrante na região metropolitana de Pernambuco, tem demonstrado, ao longo das últimas eleições, que as disputas municipais podem sim ser marcadas por ideologia. Apesar da máxima de que eleições municipais costumam ser desvinculadas de linhas ideológicas, Olinda parece ser uma exceção, e o segundo turno das eleições na cidade, reflete isso claramente.
O atual prefeito, Professor Lupércio, reeleito em 2020 com uma postura mais conservadora, indicou Mirella Almeida como sua sucessora, concorrendo pelo PSD. No primeiro turno, ela garantiu 30,02% dos votos (62.289 votos), ficando em segundo lugar, enquanto o vereador Vinícius Castello (PT) surpreendeu ao liderar com 38,75% (80.422 votos), apoiado por toda a esquerda estadual, que nesta eleição de 2024 se concentrou em apenas um candidato.
Um dos pontos-chave neste segundo turno é o impacto do antipetismo. Apesar de Izabel Urquiza (PL), candidata bolsonarista que obteve 24,83% dos votos (51.526), não ter chegado ao segundo turno, sua isenção no pleito entre Mirella e Vinícius pode influenciar diretamente o comportamento dos eleitores conservadores. O silêncio de Izabel pode deixar seus eleitores sem uma direção clara, o que poderia levar a uma abstenção mais alta nas urnas.
Por outro lado, para Mirella Almeida, o antipetismo pode ser um fator decisivo. O eleitorado de direita, que certamente não votará em Vinícius Castello, pode acabar se unindo em torno de sua candidatura, buscando evitar a volta de um governo de esquerda em Olinda. Ainda assim, a questão central é se esse sentimento de rejeição ao PT será suficiente para superar a ausência de uma clara identidade bolsonarista em Mirella, visto que parte do eleitorado de Izabel Urquiza pode não enxergar nela a “direita pura” que esperam.
Com Márcio Botelho (PP), que obteve 4,81% dos votos (9.989 votos), declarando apoio a Vinícius, o cenário se torna ainda mais polarizado. A corrida está aberta, e a disputa ideológica promete ser um fator decisivo nas próximas semanas. Olinda mais uma vez mostra que suas eleições são uma arena de embates políticos intensos, com repercussões que podem ir além das fronteiras municipais.
Com vocês deixo a pergunta: “O antipetismo, que parece ser maior que o bolsonarismo, pode favorecer Mirella Almeida?